A grupagem marítima é uma forma de reduzir os custos de transporte marítimo. Quando o volume da mercadoria a ser transportada é significativamente inferior ao volume de um contentor, é possível utilizar o serviço de dividir o espaço de um contentor com outras empresas.
Este serviço é particularmente benéfico para as pequenas e médias empresas (PMEs), que podem não ter carga suficiente para justificar a necessidade de um contentor de transporte completo.
Segundo a Verified Market Reports, este tipo de transporte (inclui marítimo, camiões e comboios) deverá aumentar de USD 9,41 biliões em 2023, para USD 13,21 biliões em 2030. O estudo da Mordor Intelligence corrobora com esta tendência.
O que é Grupagem Marítima
Geralmente, o transporte de carga envolve o envio de mercadorias como Full Container Load (FCL), ou seja, um contentor inteiro, seja de 20 pés (aprox. 6 m) ou de 40 pés (aprox. 12 m). Apenas a expedição de um remetente ocorre neste contentor, seja com 100% de ocupação do espaço disponível do contentor ou com 10%.
Contudo, quando as mercadorias de um remetente ocupam menos que um contentor marítimo, não é necessário que esse remetente utilize um contentor completo para as enviar. É aqui que entra o termo Grupagem.
A grupagem é um método de partilha do espaço de um contentor. Vários remetentes partilham o mesmo contentor, desde um local de partida até a um local de chegada.
Na linguagem da logística de transporte, em geral, o termo Less-than Container Load (LCL) é usado como sinonimo da grupagem, em inglês “groupage”.
Vantagens da grupagem
A grupagem marítima oferece vantagens para exportadores, importadores e operadores logísticos. Destacamos as principais:
#1 Redução de custos:
- Permite que empresas com cargas menores compartilhem o espaço de um contentor, dividindo os custos de transporte.
- Economia em taxas portuárias e de manuseio, e que são repartidas entre várias cargas.
#2 Flexibilidade:
- Possibilita o envio de cargas menores sem a necessidade de esperar para preencher um contentor completo.
- Maior frequência de embarques, permitindo melhor gestão de stock.
#3 Acesso a rotas e destinos:
- Facilita o acesso a rotas e destinos que poderiam não ser viáveis para cargas menores individualmente.
#4 Eficiência logística:
- Otimização do uso do espaço nos contentores.
- Menor impacto ambiental devido à melhor utilização dos recursos de transporte.
#5 Simplificação de processos:
- O agente de carga ou NVOCC cuida geralmente de toda a documentação e tramitação aduaneira.
#6 Menor risco de danos:
- As cargas são manuseadas por profissionais especializados, reduzindo o risco de danos durante a consolidação e transporte.
#7 Rastreabilidade:
- Muitos serviços de grupagem oferecem sistemas de rastreamento avançados para acompanhamento das cargas.
#8 Armazenagem temporária:
- Possibilidade de armazenagem temporária nos centros de consolidação antes do embarque.
#9 Melhor para pequenas e médias empresas:
- Permite que empresas menores acedam ao mercado internacional com custos mais competitivos.
#10 Serviços adicionais:
- Muitos agentes oferecem serviços complementares como embalagem, etiquetagem e distribuição.
Essas vantagens tornam a grupagem marítima uma opção atrativa, especialmente para empresas que não geram volume suficiente para preencher contentores completos regularmente. Isso democratiza o acesso ao comércio internacional e otimiza a cadeia logística global.
Desvantagens da grupagem
Embora a grupagem marítima ofereça muitas vantagens, ela também apresenta algumas desvantagens que devem ser consideradas. Aqui estão as principais:
#1 Tempo de trânsito mais longo:
- O processo de consolidação e desconsolidação pode aumentar o tempo total de transporte.
- Pode haver atrasos esperando que o contentor seja preenchido com outras cargas.
#2 Menor controle sobre a rota:
- A rota pode não ser a mais direta, pois o contentor pode fazer paradas adicionais para coleta ou entrega de outras cargas.
#3 Risco de atrasos:
- Atrasos de outros Expedidores podem afetar toda a carga consolidada.
#4 Maior manipulação da carga:
- A carga é manuseada mais vezes durante a consolidação e desconsolidação, aumentando o risco de danos.
#5 Limitações de carga:
- Restrições quanto ao tipo, tamanho e peso das mercadorias que podem ser consolidadas.
- Incompatibilidade com certas cargas perigosas ou que requerem condições especiais.
#6 Possível aumento de custos em certas situações:
- Para volumes maiores, pode ser mais caro que um contentor completo (FCL).
- Custos adicionais de armazenagem se a carga chegar cedo ao ponto de consolidação.
- Taxas adicionais para serviços como embalagem especial, armazenamento prolongado ou manuseio de carga fora do padrão.
#7 Menor flexibilidade de programação:
Os embarques dependem da programação de quem efetua a grupagem, que pode não se alinhar perfeitamente com as necessidades do exportador.
#8 Potencial para erros:
- Com múltiplas cargas num contentor, há maior risco de erros na separação e entrega.
#9 Segurança:
- A carga viaja com mercadorias de outros remetentes, o que pode ser uma preocupação para produtos de alto valor ou sensíveis.
#10 Limitações de rastreamento:
- Embora existam sistemas de rastreamento, pode ser mais difícil obter informações detalhadas sobre a localização exata da carga individual no contentor.
Essas desvantagens não invalidam os benefícios da grupagem, mas devem ser consideradas ao decidir entre LCL (Less than Container Load) e FCL (Full Container Load), dependendo das necessidades específicas de cada embarque.
Quem faz a grupagem marítima
As principais entidades que realizam grupagem marítima são:
- Transitários (freight forwarders): empresas especializadas em consolidar cargas menores de diferentes clientes num único contentor.
- NVOCCs (Non-Vessel Operating Common Carriers): operadores que não têm navios próprios, mas oferecem serviços de transporte marítimo e consolidação de cargas.
- Operadores logísticos: empresas que gerem toda a cadeia logística, incluindo a consolidação de cargas marítimas.
- Agentes marítimos: representantes locais das companhias de navegação que podem oferecer serviços de grupagem.
- Empresas de transporte multimodal: organizações que coordenam diferentes modos de transporte e podem incluir serviços de grupagem marítima.
Estas entidades trabalham para otimizar o espaço nos contentores, reduzir custos e oferecer soluções eficientes para o transporte de cargas menores que não justificariam um contentor completo (FCL - Full Container Load).
No caso da Green Ibérica, estamos cientes de quando a grupagem é mais vantajosa, fazemos uma proposta com os cenários FCL e LCL.
Onde se faz a grupagem marítima
As grupagens marítimas são geralmente realizadas em vários locais ao longo da cadeia logística. Os principais lugares onde ocorrem são:
#1 Armazéns de consolidação:
- Instalações especializadas próximas aos portos onde as cargas de diferentes clientes são recebidas, organizadas e consolidadas em contentores.
- Estes armazéns podem ser operados por agentes de carga, NVOCCs ou operadores logísticos.
#2Terminais de carga:
- Áreas dentro ou próximas aos portos onde as cargas são agrupadas antes de serem carregadas nos navios.
#3 Portos secos (dry ports):
- Terminais interiores intermodais conectados diretamente a portos marítimos.
- Oferecem serviços de consolidação de carga longe da costa, reduzindo congestionamentos nos portos principais.
#4 Centros de distribuição:
- Grandes instalações logísticas onde cargas de diferentes origens podem ser consolidadas para envio.
#5 Instalações dos próprios exportadores:
- Em alguns casos, empresas com volumes significativos podem realizar a grupagem nas suas próprias instalações.
#6 Zonas francas ou zonas de comércio exterior:
Áreas especiais com benefícios fiscais onde podem ocorrer operações de grupagem.
#7 Hubs logísticos:
- Pontos estratégicos de conexão onde cargas de diferentes origens são consolidadas para distribuição.
A escolha do local para a grupagem depende de fatores como a localização dos clientes, a infraestrutura disponível, os custos operacionais e a eficiência logística da rota de transporte.
Quais são os documentos necessários para o Less-than-container Load
Para o transporte marítimo Less-than-Container Load (LCL), também conhecido como grupagem marítima, são necessários vários documentos. Aqui está uma lista dos principais documentos geralmente requeridos:
- Conhecimento de Embarque (Bill of Lading - B/L):
- Documento emitido pelo transportador que serve como recibo da carga, contrato de transporte e título de propriedade.
- Para LCL, é geralmente emitido um House Bill of Lading (HBL) pelo agente de carga.
- Fatura Comercial (Commercial Invoice):
- Documento que descreve as mercadorias e o seu valor para fins alfandegários.
- Packing List:
- Lista detalhada do conteúdo da carga, incluindo quantidade, peso e dimensões de cada item.
- Certificado de Origem:
- Documento que atesta o país de origem das mercadorias.
- Declaração de Exportação:
- Documento oficial exigido pelas autoridades aduaneiras do país exportador.
- Licenças de Exportação/Importação:
- Quando aplicáveis, para mercadorias controladas ou restritas.
- Certificados de Inspeção:
- Para certos tipos de produtos, como alimentos ou produtos químicos.
- Apólice ou Certificado de Seguro:
- Documento que comprova a cobertura de seguro da carga.
- Carta de Instruções do Expedidor:
- Fornece detalhes sobre o manuseio e envio da carga ao agente de carga.
- Declaração de Mercadorias Perigosas:
- Se aplicável, para cargas que contenham materiais perigosos.
- Formulário de Reserva de Carga (Booking Form):
- Confirmação da reserva de espaço no contentor.
- Documentos Fitossanitários ou Sanitários:
- Para produtos de origem animal ou vegetal.
- Autorização de Despacho Aduaneiro:
- Documento que autoriza um agente a realizar o despacho aduaneiro em nome do importador/exportador.
- Manifesto de Carga:
- Lista completa de todas as cargas no contentor, geralmente preparada pela entidade que efetua a consolidação.
É importante notar que os requisitos documentais podem variar dependendo do país de origem, destino, tipo de mercadoria e regulamentações específicas. Além disso, alguns países podem exigir documentos adicionais ou ter formulários específicos.
Recomenda-se sempre consultar um agente de carga experiente ou as autoridades aduaneiras relevantes para garantir que toda a documentação necessária seja providenciada corretamente, evitando atrasos ou problemas no processo de exportação/importação.
Grupagem Marítima em Portugal
A grupagem marítima em Portugal desempenha um papel crucial na economia do país, refletindo a sua rica história marítima e a sua posição estratégica na Europa. Situada na costa atlântica da Península Ibérica, Portugal serve como uma importante porta de entrada para o continente europeu.
Os principais portos portugueses, como Lisboa, Leixões (Porto), Sines e Setúbal, são os centros nevrálgicos da atividade de grupagem marítima no país.
O setor de grupagem marítima em Portugal é caracterizado por uma mistura de empresas nacionais e internacionais de Transitários /Forwarders e empresas de Carga / NVOCC. Esta variedade de operadores contribui para a oferta de serviços especializados, atendendo às necessidades específicas de diferentes setores da economia portuguesa, desde os tradicionais vinhos, azeites, têxteis e cortiça até produtos industriais mais complexos.
A integração de Portugal na União Europeia trouxe consigo uma série de regulamentações e práticas padronizadas que regem as operações de grupagem marítima. A Autoridade Tributária e Aduaneira de Portugal desempenha um papel fundamental na supervisão dos aspetos aduaneiros, garantindo a conformidade com as normas europeias e nacionais.
O setor enfrenta desafios, particularmente a forte concorrência dos portos espanhóis, especialmente para cargas destinadas à Península Ibérica. Para manter a sua competitividade, Portugal tem investido na modernização da sua infraestrutura portuária e na melhoria das conexões intermodais. A integração crescente com o transporte ferroviário, por exemplo, visa fortalecer as ligações com o interior da Europa, expandindo o alcance dos serviços de grupagem marítima portugueses.
O futuro da grupagem marítima em Portugal parece promissor, com oportunidades significativas para crescimento. O país está bem posicionado para aumentar o seu papel como ponto de entrada para a Europa, especialmente para cargas provenientes da América do Sul e África, regiões com as quais Portugal mantém laços históricos e culturais fortes. Além disso, há um foco crescente em práticas sustentáveis, com os portos portugueses buscando implementar tecnologias e processos mais ecológicos para atender às demandas globais por operações logísticas mais verdes.
A digitalização continua a ser uma prioridade no setor de grupagem marítima em Portugal. A adoção de tecnologias avançadas de rastreamento e gestão de carga não só melhora a eficiência operacional, mas também aumenta a transparência e a confiabilidade dos serviços oferecidos, um fator crucial para atrair e reter clientes internacionais.
Em conclusão, a grupagem marítima em Portugal é um setor dinâmico e em evolução, que capitaliza a localização estratégica do país e a sua tradição marítima. Apesar dos desafios, o contínuo investimento em infraestrutura, tecnologia e capital humano posiciona Portugal como um player cada vez mais relevante no cenário logístico europeu e global, prometendo um futuro de crescimento e inovação no setor de grupagem marítima.
Quando é que é melhor optar pelo Less-than-container Load (LCL) – caso prático
A empresa responsável pela expedição deve ponderar as vantagens e desvantagens acima enumeradas.
Por exemplo, se não existe nenhuma margem no tempo de entrega, pode ser melhor escolher o Full Container Load (FCL).
É importante ressaltar que as capacidades dos contentores da EVERGREEN são essencialmente comuns a todos os contentores de outros fornecedores:
Isto quer dizer que em termos de volume existem as limitações de carga de 33m3 para o contentor de 20’ e 67m3 para o contentor de 40’.
Já no peso, existe uma inversão das capacidades, pois o contentor de 40 pés, permite um peso inferior ao do contentor de 20 pés. Ou seja, no contentor de 20 pés, a carga pode ter um peso médio de 854 Kg / m3, já no contentor de 40 pés, não o peso médio da carga não pode ultrapassar os 392 Kg / m3.
Assim, se for um exportador de vinho, como a carga é superior os 392 Kg / m3, terá que ter em consideração, que o transporte será efetuado num contentor de 20 pés, com a limitação de 33 m3.
Conforme as especificações de um exportador de vinhos exemplo:
Existem medidas Pallets standard
Conforma as imagens abaixo existe medidas standard para as paletes, pelo que o fornecedor de vinhos, deveria considerar embalar a mercadoria para expedição por via marítima nestes dois modelos de pallets: standard pallets ou europallets.
O limite de volume, seria no máximo 25 europallets num contentor de 40 pés como podem verificar nas imagens.
Conforme a remessa, começam a jogar as vantagens e desvantagens.
Se a remessa for de 10 ou 11 europallets, provavelmente é melhor manter a opção de 20 pés e 21 a 25 euro pallets 40 pés Full Container Load.
Contudo, à medida que a remessa for menor, entraremos numa zona cinzenta, o balanço entre o preço e as vantagens e desvantagens não é tão óbvio.
Mas depois passamos, para uma quantidade de remessa em que é óbvio ser melhor optar pela Grupagem, sendo o valor mínimo 1 palete, mas poderá ser também vantajoso se a remessa for até 5 pallets.