Exportar de e Importar para Portugal, podem ser as únicas soluções para ter uma empresa com um modelo económico viável, num mercado de dimensão limitada como é o português.
Hoje em dia, se se quer ter uma empresa economicamente sustentável, principalmente num mercado de dimensão limitada como é o nosso, as fronteiras podem – devem – ser meras referências geográficas, sem uma importância determinante na delimitação do espaço em que ocorre o negócio. É nesse contexto que surgem as Importações e Exportações de produtos – ou transações intracomunitária de bens, quando se tratam de negociações de mercadorias dentro da União Europeia, e que são fruto dos acordos estabelecidos.
Importar para Portugal em segurança não é nada de demasiado complexo. No entanto é um processo que pode abarcar alguns riscos. É importante que se identifiquem esses riscos por forma a estar preparado para eles, para que assim, se torne possível mitigá-los. Há que ter atenção para que tudo decorra sem incidentes.
Com este artigo, a Green Ibérica pretende fazer uma pequena abordagem ao tema e dar algumas dicas que o podem ajudar a entrar nesse processo.
Planeamento
Em primeiro lugar, o planeamento é fundamental. É verdade que, como bons portugueses, temos sempre muito presente em nós a arte de “desenrascar”. Mas talvez seja melhor guardar esta qualidade cultural para outros campos. É preciso desenvolver um bom plano de negócio por forma a saber/definir o caminho estratégico a seguir. Pesquise, calcule, disponibilize recursos e descreva pormenorizadamente todas as ações necessárias.
Certifique-se que Está Legalmente Apto a Importar para Portugal
Depois de planear e de saber exatamente o caminho a seguir, certifique-se que a sua empresa responde a todos os requisitos legais que lhe permitam efetuar este tipo de transações. Então assegure-se que o NIPC da empresa está regular e que inclui a atividade de importação e exportação no objeto social.
Selecione os Seus Fornecedores de Importação
É um dos pontos mais importantes para o sucesso do negócio. Para se assegurar da fiabilidade dos potenciais fornecedores, e para importar para Portugal, visite feiras, conferências, congressos, etc. onde estes possam estar presentes. O simples facto de marcarem presença neste tipo de eventos acaba por transmitir confiança. Isto para além do contacto pessoal com a empresa, com os seus representantes e com os seus produtos/serviços, o que pode ajudar a aferir se é o que o seu negócio precisa. Para além disso, procurar por referências nunca será de descorar. Tente saber um pouco mais de e para onde a empresa comercializa, quem são os seus clientes. Se possível, chegue ao contacto com esses clientes para ouvir a sua experiência.
Existem diversos websites que o podem ajudar na pesquisa dos melhores eventos direcionados para o que pretende. O n’Feiras e o 10times são dois exemplos, mas há muitos mais, para isso basta pesquisar um pouco pela área que lhe interessar.
Visite a Fábrica do Fornecedor
Não há forma melhor de conhecer o seu fornecedor e o seu produto, do que avaliar in loco. Caso tenha essa possibilidade, verifique o processo de produção. Isto inclui condições da maquinaria, certificados, normas de segurança e tudo mais que sirva para atestar a seriedade e qualidade do seu fornecedor.
Elabore uma Folha de Custos
Nem sempre é fácil perceber imediatamente o quanto irá pagar, isto porque o valor do produto é apenas um dos custos que poderá vir a ter. Informar-se acerca dos impostos, taxas, seguros e outros montantes que envolvem a transação de importar para Portugal, vai ajudá-lo na negociação e a determinar a viabilidade da mesma.
Assim, antes de fechar negócio, tenha em consideração todos os potenciais custos, que poderão incluir:
- Transporte Internacional;
- Seguro de Transporte Internacional;
- Imposto de Importação;
- Taxas Aduaneiras;
- IVA;
- Despesas Bancárias;
- Taxas Portuárias;
- Taxas de Armazenamento;
- Despachante Aduaneiro;
- Transporte interno…
Negoceie os Incoterms
Na altura da negociação é possível que o fornecedor lhe ofereça três intercoms[1] relacionados com o transporte da mercadoria. As diferentes opções terão diferentes características e, portanto, diferentes custos:
-
FOB – Free On Board (ou FCA – Free CArrier, utilizado em carga aérea) – Abrange os custos de transporte das mercadorias desde a fábrica (ou outro local de envio) até ao porto de embarque da carga. A partir daí os custos ficam a cargo do comprador.
-
CFR – Cost and FReight – O vendedor fica responsável pelo transporte marítimo até ao porto de destino. O comprador que fica responsável pelos transportes complementares.
-
DAP – Delivery At Place – É o serviço o que abrange todos os transportes da mercadoria, desde o local de origem até ao local de destino.
Escolher o melhor incoterm vai depender muito do conhecimento e dos contactos que tem, principalmente no local de origem do produto que adquire.
Documentos Necessários para Importar para Portugal
Depois de se efetuar o embarque, o exportador envia diversos documentos que permitirão que o importador liberte as mercadorias na alfândega. Tenha bastante atenção aos detalhes nos documentos, já que pequenas imprecisões podem gerar grandes problemas, no limite pode ir até à apreensão dos bens. Procurar um parceiro experiente pode ser importante quando não tem esses conhecimentos do seu lado.
Existem leis globais e portanto documentação que é obrigatória, sejam quais forem os países de origem e de destino das mercadorias. Para além dessas leis globais, existem também as legislações locais que devem ser estudadas, para que não venha a ter surpresas desagradáveis.
Alguns documentos mais importantes à importação:
-
Bill of Lading (ou B/L) – É o documento mais importante para o transporte marítimo. É emitido pelo Armador (ou pelo agente de transporte, como é o caso da Green Ibérica) para terem conhecimentos sobre um carregamento de mercadorias. O B/L serve três propósitos principais: é o contrato de transporte entre o shipper e o armador; serve de recibo de entrega da mercadoria; e é o título de posse da mercadoria, que normalmente pode ser negociado/transferido.
-
AirWay Bill – Assim como o B/L no transporte marítimo, o AirWay Bill é o documento mais importante no transporte aéreo de carga que, ao contrário deste, nunca pode ser negociável. As principais funções do AirWay Bill são de: Contrato de transporte; comprovativo de receção dos bens; carta de porte; certificado de seguro; declaração aduaneira…
-
Fatura Comercial – Emitida pelo fornecedor, a fatura comercial contém os dados da empresa e da carga. Em muitos países é usada para determinar o valor da mercadoria na avaliação das taxas alfandegárias.
-
Packing List – É um documento complementar à fatura comercial, que tem como objetivo descrever o conteúdo da remessa. Identifica volumes, dimensões, pesos, referências, etc., de cada embalagem. Resumidamente o Packing List incorpora caixas e/ou pacotes transportados enquanto a fatura comercial abrange cada item comercializado.
-
Certificado de Origem – Assim como o nome indica, comprova a origem da carga. Existem diversos Certificados de Origem, o mais comum é o Form A. Este formulário, para além de declarar a origem dos produtos, possibilita alcançar benefícios fiscais para determinadas mercadorias.
-
Certificado de Seguro – É uma forma de garantir ao consignatário que, durante o transporte, as possíveis perdas e/ou danos ocorridos nas suas mercadorias, estão cobertos.
Conclusão
Aqui demos apenas algumas dicas que podem ser úteis caso esteja a pensar internacionalizar o seu negócio. A internacionalização, e exportar ou importar para Portugal, pode ser a única hipótese de conseguir gerir uma empresa dinâmica e consistente. Ainda assim talvez seja bom não se atirar de cabeça. Trilhe um percurso sólido e com atenção à resposta que vai obtendo do mercado. Não se esqueça do mais importante, rodeie-se de pessoas/empresas seguras e com mais experiência neste campo. Recolha o máximo de informação possível.
Trabalhe, tenha confiança e acredite. A sua resiliência será recompensada!